sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Diário de bordo - gravações (parte III)

O dia era 22 de dezembro de 2009. 15 horas. Fazia sol, calor, céu azul e rock and roll. Este que vos fala – na sempre agradável companhia de minha digníssima – partia para as confortáveis dependências do Estúdio Vox, para firmar meu compromisso marcado com Murilo e seu sossego inabalável, isto é, gravar as guitarras do disco.

Carregando, então, minha guitarra, uma bolsa com cabos, pedal, afinador e etcéteras, mais um fardinho de cerveja, pontualmente, cheguei à porta do estúdio onde tive que aguardar alguns minutos até que Murilo aparecesse, caminhando lentamente e arrotando o almoço recém devorado.

Uma vez dentro do estúdio, mãos à obra. Murilo tem lá um Marshall Valvestate S80, idêntico ao meu. Logo, achei que seria moleza obter o timbre que eu desejasse. No entanto, não foi bem assim. Pluguei a guitarra e comecei minha tentativa de equalizá-la a meu gosto. Tentativa frustrada. O cubo do Murilo não dava o som que eu esperava. Então, decidi ir até minha casa e pegar meu amplificador para ver se conseguia tirar o som desejado.

Batata!

Fui correndo até meu lar, doce lar (que fica há duas quadras do estúdio), levei o cubo no braço até o estúdio e foi ligá-lo na tomada e plugar a guita nele pra sorrir confortado e ver que meu bom e velho Marshall tarda, mas jamais falha.

Feito isso, achamos que o pau tava pronto pra comer. Mas que nada... (como diria Jorge), gravação de guitarra e Renatão sempre (SEMPRE!) acontece alguma coisa.

Toquei a primeira música: 1952. Aparentemente, perfeito! Só aparentemente. Quando fomos ouvir, tinha algo que incomodava. 1952 é feita em cima de uma escala de Dó Maior. Quando, em certo momento da base, eu dava o acorde de Fá Maior na guitarra, algo incomodava. Era quase imperceptível, mas ouvido diversas vezes, tornava-se incômodo.

Foi triste constatar que o braço de minha Epiphone SG precisa de ajustes. Tem casa ali que tá destoando da afinação. Mas, beleza... isso é um trabalho pra Moisés, talvez.

Naquele momento, precisávamos de outra guitarra. E isso demandava, quem sabe, dor de cabeça pra arrancar timbres bacanas. Mas que nada... (olha o Jorge outra vez!). Murilo sacou de seu bag uma Fender Squier com um captador DiMarzo na ponte. Fizemos o teste e... EURECA! Tava bom demais! Apesar da Squier ter um timbre menos “gordo” e bem diferente do da SG, conseguimos um som bacana trabalhando com a chave seletora dos captadores e a equalização de ganho e freqüências do drive entre uma música e outra.

Guitarra no ponto, aí sim, foi moleza. Mandei bala! Uma atrás da outra: oito canções. Só dando pausa pra refrescar a goela com uma cervejinha gelada. Saí de lá ligeiramente bêbado e feliz, com a promessa de retornar depois das férias merecidas pra gravar as vozes e, quem sabe, um violão em Raiva e pó.

Haverá continuação...

Renatão, guitarra e voz.