Esse vídeo é velho, mas tá valendo. A gente, ainda com o Walace na batera, tocando "Raiva e pó" no Pub Fiction. Esse, se não me engano, foi o último show com o Walace mandando ver nas baquetas. De qualquer forma, vou usá-lo, agora, só pra ilustrar mais um capítulo do "Senta que lá vem a história...".
É o seguinte... essa canção nasceu de um texto que o Gótico escreveu, me entregou e disse: "Se vira! Faz a música, rapá!".
O que me restou, então, foi encarar o desafio. Sentado em meu quarto, tarde da noite, lembro-me que fiquei lendo aquele texto, com a guitarra no colo, e tentando imaginar no que ele poderia se encaixar musicalmente.
Depois de algumas tentativas, alguns acordes incertos, lembrei-me de uma música que eu tinha feito na época em que eu tocava numa banda chamada Colina Prestes. Isso data lá pelo ano 2000, 2001, mais ou menos. Inclusive, quando montamos o Prof. Astromar & Os Criadores de Lobisomem, antes de escolhermos esse nome, o Gótico sugeriu que resgatássemos o nome Colina Prestes. Eu, apesar de gostar do nome, declinei. Enfim... era pra ser Prof. Astromar... mesmo.
Mas, então... Lembrei-me que existia uma música, composta naquela época, que se chamava "Vamo 'vê' no que vai 'dá'". E que existia também, inclusive, uma gravação dessa música. Era uma coisa que soava meio Wander Wildner, gravada com violões e uma levada bem direta.
Retomando a melodia na memória, constatei que se encaixava perfeitamente com o tema do texto que o Gótico havia escrito. Então, mandei brasa. Fui adaptando o texto do Gótico à música que já existia e, em alguns momentos, adaptando a música antiga à letra que ia nascendo do texto escrito pelo grande Clériston Teixeira. Identifiquei uma estrofe que era um refrão em potencial e mudei pouca coisa. O tema do texto continou o mesmo, mudaram algumas palavras e formas com que estavam ditas certas coisas. Enfim... corta aqui, muda alí, acerta a métrica de um verso acolá, encaixa um acorde mais precisamente, e a canção foi nascendo.
Feito isto, enviei, pela internet, a gravação da Colina ao Gótico e disse: "Cara... encaixei a letra que você tinha escrito nesse arranjo aí. Veja o que você acha". Ele logo constatou a pegada meio Wander daquela gravação e respondeu que tava bacana.
No ensaio, fizemos ela mais suja do que era o antigo arranjo da Colina e eu consegui até enfiar uma guitarrinha a la AC/DC alí, depois do primeiro refrão.
Hoje em dia, tocamos ela logo depois de terminar "Posso penetrar?" - que é a música com a qual abrimos o show. O fato dela vir no início do show me ajuda a cantá-la, já que acho o refrão dela um tanto alto demais pra mim, mas nada que umas doses de conhaque não resolvam. Afinal, it's only rock 'n' roll, man! E nós gostamos muito, claro.
Grande abraço a todos e confiram o resultado no vídeo alí em cima (feito pela camêra de mão do Natan, lá no Pub).
Renatão, guitarra e voz.
***
Raiva e pó
Como flor de Baudelaire,
O nosso amor murchou, secou.
O vento e o sol só nos fizeram mal.
Seu jeito tempestivo,
Sua vontade de correr e voar,
Pra mim, foi tudo estorvo e forçado.
Daquela tarde em que você pirou e sumiu,
Eu guardo a imagem que vi da minha janela:
Você entrando em seu maldito Maverick canadense;
A minha raiva, o som no talo - o pó e o fogo no asfalto.
Você se foi
E o que restou foi uma pilha de lixo - só me restou aquela pilha de lixo.
Livros chatos e filmes noir.
Quem sabem, um dia, ainda me importo com isso?
Não há álbum, não há casamento,
Não há nada pra lembrar.
Cama, fotos velhas, sorrisos falsos:
Mandei tudo pra um outro lugar.
Mas tenho certeza de que você ainda se pega a pensar
Em como estou, o que ou quem ando comendo
E se ainda há contas a pagar.
Pois, quando alguma amiga,
Por ventura, toca no meu maldito nome,
Apesar de fazer cara de azeda,
Dissimulada, você ainda pensa em mim e, para sempre irá lembrar.
Como flor de Baudelaire,
O nosso amor murchou, secou.
O vento e o sol só nos fizeram mal.
Seu jeito tempestivo,
Sua vontade de correr e voar,
Pra mim, foi tudo estorvo e forçado.
Daquela tarde em que você pirou e sumiu,
Eu guardo a imagem que vi da minha janela:
Você entrando em seu maldito Maverick canadense;
A minha raiva, o som no talo - o pó e o fogo no asfalto.
Você se foi
E o que restou foi uma pilha de lixo - só me restou aquela pilha de lixo.
Livros chatos e filmes noir.
Quem sabem, um dia, ainda me importo com isso?
Não há álbum, não há casamento,
Não há nada pra lembrar.
Cama, fotos velhas, sorrisos falsos:
Mandei tudo pra um outro lugar.
Mas tenho certeza de que você ainda se pega a pensar
Em como estou, o que ou quem ando comendo
E se ainda há contas a pagar.
Pois, quando alguma amiga,
Por ventura, toca no meu maldito nome,
Apesar de fazer cara de azeda,
Dissimulada, você ainda pensa em mim e, para sempre irá lembrar.
3 comentários:
SENSACIONAL!!!
SENSACIONAL!!!
Caras, "raiva e pó" ficou muito boa. Pra mim, quem a ouve, já saca que o som que vai rolar no show de vocês é rock brazuca de qualidade. Como a gente diz, Renato, é "calibre voraz"! hahahaha. Vamo q vamo. abração!
Caralho!
Como sou relapso mesmo. Nem havia percebido que vocês tinha comentado aqui. heheheh...
Valeu mesmo, galera!
Calibre Voraz!
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